Lançado em 1987 e com 45 milhões de cópias vendidas, Bad consolidou Michael Jackson como Rei do Pop.
Em 1987, havia cinco anos que o cantor Michael Jackson (1958-2009) tinha provocado uma revolução na música e na indústria pop com Thriller, o disco mais vendido da história - até hoje, de acordo com cálculos da gravadora Sony Music, já foram comercializadas 109 milhões de cópias do trabalho.
O republicano Ronald Reagan (1911-2004) estava na Casa Branca e, nas ruas das grandes cidades americanas, a cultura de rua - em suas formas mais criativas e brutais - começava o seu longo reinado como o principal elemento do hip hop.
Bad
Naquele ano, o hip hop, que estava ganhando espaço cada vez mais em todo o país, produziu grandes poetas urbanos como KRS-One, Ice T, Big Daddy Kane, Chuck D. e Rakim.
A liderança da black music estava passando do brilho de Los Angeles para a sujeira de Nova York, e Michael Jackson, embora já planejando comprar o isolado sítio Neverland, em Santa Bárbara, Califórnia, estava muito consciente de que teria de falar sobre essas mudanças no disco seguinte a Thriller.
No dia 31 de agosto de 1987, Michael Jackson lançou o álbum Bad que, comemorando 25 anos, ganha justas homenagens: um CD duplo, com o disco original remasterizado e mais um CD reunindo 13 faixas bônus entre raridades e inéditas; e um DVD com um show histórico da turnê, em Wembley, Londres, no dia 16 de julho de 1988.
A faixa título sintetizou o pensamento de Michael sobre aquela nova - e dura - realidade das ruas e virou o hino de uma geração, enquanto o álbum consolidou a sua carreira e o seu reinado - não custa lembrar que só Elvis Presley (1935-1977) supera MJ como artista solo musical mais poderoso e influente de todos os tempos.
Uma curiosidade: segundo Nelson George, "o crítico de música negra mais completo de sua geração" nas palavras do Washington Post, a música Bad foi concebida inicialmente para ser um dueto entre Michael Jackson e Prince, mas o astro marrento de Minneapolis ignorou o convite. Vacilou, pois não.
Coprodutor do disco com o maestro Quincy Jones (Thriller), pela primeira vez Michael assinou (quase) todo o repertório de um álbum, além de assumir o controle completo da carreira - desde a gravação, turnê, patrocínios e merchandising.
Musicalmente, ele reafirmou com Bad a excelência de um estilo único que fundiu música pop, black music e rock’n’roll. A receptividade ao trabalho foi imensa: Bad emplacou cinco singles consecutivos no primeiro lugar da parada da Billboard (feito que só seria igualado por Katy Perry com Teenage Dream, em 2010), foi indicado para seis prêmios Grammy (ganhou dois) e vendeu 45 milhões de cópias.
Turnê solo
No auge e ainda longe das acusações de pedofilia e dos escândalos que abalariam a sua carreira, Michael Jackson foi para a estrada solo pela primeira vez. A turnê mundial Bad foi um acontecimento: 123 shows vistos por 4,4 milhões de pessoas durante 16 meses, quebrando todos os recordes de público e receita até então.
É certamente improvável que algum outro artista na história repita o que MJ realizou em julho de 1988 no estádio de Wembley, em Londres: lotar o espaço (hoje, abrigando uma nova arena) por sete noites, com mais de 500 mil pagantes.
O DVD Live at Wembley é o registro da apresentação do dia 16 de julho, quando 72 mil fãs ingleses - incluindo o príncipe Charles e a princesa Diana (1961-1997) - foram à loucura com Michael Jackson. O DVD foi extraído de uma cópia VHS pessoal do pop star, encontrada recentemente em seu espólio. É a única cópia do show, com imagens e áudio restaurados.
Spike Lee
A era Bad também recebe uma homenagem cinematográfica: o documentário Bad25. Dirigido por Spike Lee e com duas horas de duração, o filme estreou mundialmente no Festival de Veneza, Itália, em agosto, e não tem previsão de lançamento no Brasil. Segundo Lee, Bad25 é "uma carta de amor" para Michael, um mergulho no seu processo criativo e nos bastidores do grande álbum.
Por Hagamenon Brito
do Jornal Correio da Bahia