Cineasta apresentou no Festival de Veneza seu novo filme, sobre a gravação de "Bad", clássico álbum do cantor
Spike Lee sabe vender seus projetos como poucos diretores norte-americanos da atualidade. Não foi diferente com o documentário "Bad 25".
O longa de pouco mais de duas horas que investiga todo o processo de criação de "Bad" (1987), um dos principais discos de Michael Jackson e, por consequência, da música pop, foi apresentado fora de competição em Veneza, na sexta-feira, exatamente no aniversário de 25 anos do álbum.
"Hoje é um dia especial", lembrou o cineasta, que trabalhou com o rei do pop, morto há três anos, no vídeo (ou "curta-metragem", como Michael falava), de "They Don´t Care About Us", filmado em 1996, em Salvador e no morro Dona Marta, no Rio.
"As filmagens na favela no Rio foram as mais complicadas da minha vida", confessa o cineasta. "A polícia não podia subir no morro e precisamos falar com o chefe do tráfico para garantir a segurança de Michael. O sujeito era fã e disse: ´Este lugar vai ser o mais seguro da Terra. Pode trazer Michael Jackson e o equipamento".
"Bad 25", encomendado pela Sony para comemorar o relançamento do álbum e um dos destaques do próximo Festival de Cinema do Rio, que começa em 27 de setembro, evita entrar em grandes polêmicas, apesar de dedicar um tempo à rivalidade de Michael Jackson e Prince nos anos 1980 e mostrar como a atitude do disco foi orquestrada para proteger o cantor de notícias sobre suas excentricidades.
"O documentário é minha carta de amor a Michael", exaltou Lee. "Trabalhamos em colaboração com os responsáveis pelo espólio dele e há coisas nunca mostradas antes. Mas eu queria falar sobre a música e todo o suor, sangue e lágrimas do processo", afirma o diretor.
Momento marcante
Conhecido por espalhar a cultura hip-hop no fim dos anos 1980 com "Faça a Coisa Certa" (1989), Lee diz que conheceu Jackson quando ele ainda era parte do Jackson 5.
"Eu queria ser Michael Jackson. Quando vi aquele menino com um cabelo afro, cantando e dançando... Cresci com aquela imagem", diz.
Outro momento marcante de "Bad 25" é uma montagem de todos os entrevistados - de Martin Scorsese a Kanye West, passando por Justin Bieber - falando sobre onde estavam no dia da morte do cantor, em 25 de junho de 2009.
Lee estava em Cannes fazendo uma apresentação quando soube da notícia. "Minha reação foi a mesma de meus entrevistados. Não acreditei até ver a declaração de Jermaine, irmão de Michael. Passei um mês fora de órbita e até minha mulher e meu filho perguntaram o que estava acontecendo", relembra o diretor.
O documentário será editado para a estreia na TV americana, em 19 de setembro, e, fora do circuito de festivais, não será exibido nos cinemas.
Em fevereiro, a versão do diretor sai em DVD. Mas nenhuma terá aparição de Quincy Jones, produtor do disco. "Ele estava ocupado e nunca conseguíamos nos encontrar", conta o diretor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário